Terreiro de Matamba Tombeci Neto


O Terreiro de Matamba Tombenci Neto é um terreiro de candomblé de nação Angola, dirigido hoje por Mameto Mukalê (Mãe Ilza Rodrigues). Sua história teve início ainda no século XIX, mais precisamente no ano de 1885, na região do Catumbo, próximo ao Engenho Santana na cidade de Ilhéus, quando Tiodolina Félix Rodrigues, a mãe de santo Iyá Tidú, avó de mãe Ilza, fundou o Terreiro Aldeia de Angorô, antigo nome do terreiro. 

Em 1915, após o falecimento de Iyá Tidú, seu filho Euzébio Félix Rodrigues, o pai de santo Gombé, deu continuidade ao Terreiro, dando-lhe o nome de “Terreiro de Roxo Mucumbo”. Tata Gombé conduziu a casa até 1941, quando faleceu. 

Em 1946, Izabel, irmã de Euzébio Rodrigues (o Tata Gombé), completou suas obrigações com Dona Massú, filha-de-santo de Maria Neném, a fundadora do Terreiro Tombenci em Salvador. Izabel Rodrigues Pereira, a famosa D. Roxa (Mameto Bandanelunga), assumiu, então, a condução da casa, que agora passaria a ser chamada “Terreiro de Senhora Sant’Ana Tombenci Neto”. D. Roxa tornou-se, assim, uma das mais importantes mães-de-santo da história de Ilhéus e de toda a Bahia. Em 1973, D. Roxa faleceu. Dois anos depois, em 1975, sua filha Ilza Rodrigues, dá continuidade a seu trabalho, passando a conduzir o Terreiro, daí em diante chamado de “Terreiro de Matamba Tombenci Neto”. 

Há mais de 30 anos à frente do Tombenci, Mãe Ilza Mukalê continua conduzindo esta casa com garra, dedicação e dignidade, elevando cada vez mais alto o nome do Tombenci e da nação angola. O Terreiro de Matamba Tombenci Neto possui matriz em Salvador, no considerado primeiro terreiro de nação Angola no Brasil. Este terreiro conta a história verídica da trajetória de uma família comprometida em trilhar pelos caminhos da auto-afirmação do povo negro, da manutenção dos seus valores e de sua identidade.
 

Hoje, o Terreiro de Matamba Tombenci Neto é um dos mais destacados representantes das casas de religiões de matriz africana em Ilhéus e em todo o sul e extremo sul baiano. E é também uma referência social e cultural para a comunidade da Conquista, bairro onde está situado. Além de, no passado, ter abrigado um afoxé, o Lê-Guê DePá, considerado a primeira organização carnavalesca de Ilhéus, a partir de 1986, o Terreiro foi o palco da constituição e do desenvolvimento do Grupo Cultural e Bloco Afro Dilazenze, que, ao longo desses anos, tem desenvolvido uma série de atividades sociais e culturais em Ilhéus e região, vale citar: Bloco Afro Dilazenze; Banda Percussiva Dilazenze; Balé Afro Dilazenze; Grupo de Samba de Roda Sambadila; Projeto Social Batukerê (que atende a 60 crianças e adolescentes da comunidade da Conquista); Festival de Música e Beleza Negra e Mostra de Arte e Cultura do Dilazenze. 

Além desses projetos do Dilazenze, em 2004, o Tombenci foi também o espaço em que foi criada a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania, uma Organização Não-Governamental (ONG), sem fins lucrativos, cujos objetivos primordiais são a preservação, valorização e divulgação da cultura negra na sociedade, bem como a luta contra o racismo e a discriminação. Dentre os projetos da Gongombira, vale citar: Orquestra Afro Gongombira de Percussão; oficina de ritmos brasileiros; curso de montagem e manutenção de micro-computares; as 3 edições do projeto Caruru Cultural – em 2008 (em parceria com as organizações: Filtro dos Sonhos, MATER e Casa do Boneco); o I Fórum de Debates sobre Diversidade Étnico Racial no Colégio Estadual Antônio Sá Pereira; a I Mostra de vídeos Étnicos Raciais de Ilhéus; a indicação e contemplação de Mãe Ilza no Prêmio Zeferina promovido pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia), tendo sido a primeira e, até então, única mulher negra do interior baiano a receber esse troféu; como também a indicação e contemplação de Mãe Ilza no prêmio culturas populares do MINC, recentemente; e a contemplação do terreiro no edital dos pontos de leitura (FPC/2010). 

Em março de 2005, foi criada, ainda, a Associação Beneficente e Cultural Matamba Tombenci Neto, com a missão de proporcionar ao Terreiro uma atuação mais efetiva visando ao bem-estar de sua comunidade. 

Em novembro de 2006, foram criados e inaugurados o Memorial Unzó Tombenci Neto, que reúne material oriundo da longa história do Terreiro, e a Galeria Ingué Kaitumba, que expõe fotografias dos antepassados e líderes do Tombenci. 

A preocupação com a preservação do patrimônio do Terreiro Tombenci Neto também está presente em relação aos elementos considerados imateriais. Nesse contexto vale citar a participação do Terreiro Tombenci Neto, em maio de 2008, na série Trilhas Urbanas, produzida pela Fundação Gregório de Mattos, estabelecendo registros musicais das cantigas do terreiro para os orixás. E, é nesse mesmo contexto, de valorização e registro do patrimônio imaterial que se fundamenta o projeto aqui intitulado: “Mãe Ilza Mukalê ”.

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